Não é sobre uma dança


A forma que nos conduzimos foi inevitável, como um balé ensaiado, você sabia todos os meus passos e correspondia perfeitamente sem que esperasse por qualquer tipo de confirmação minha. Sabia como me tocar e por onde me guiar. Fui levada por você aonde ninguém havia me levado. 
No inicio não precisávamos de muito para nos entender, com o tempo tudo foi se embolando, não bailávamos o mesmo ritmo e pisávamos sem querer nos nossos pés.

Penso que poderia ter sido diferente, se ao menos tivéssemos ditado nossos ritmos, teríamos improvisado passos que se assemelhassem. Suas indecisões fizeram com que nossa dessincronia fosse notória e o nosso ápice um tanto chocante, afinal, quem não sabe o que quer não chega a lugar algum.

A música tocava e enquanto todos dançavam, inclusive eu, você agora estava parado e não sabia qual direção tomar. Acho que todos aqueles rodopios lhe deixaram um pouco tonto. Um dançarino precisa de um bom par, também capaz de guiar, que os movimentos juntos fluam tão naturalmente quanto a melodia que chega aos seus ouvidos. Você não sabia qual próximo passo daria, não havia um solo ensaiado para que conseguisse seguir sozinho. 

Continuou parado,
todos dançaram conforme a música, 
ao final foram aplaudidos, 
sem você. 

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